Floresta de Bolso Cardim Arquitetura Paisagística

A Cardim Arquitetura Paisagística aposta em plantas nativas para criar projetos mais sustentáveis

Projeto encomendado pela Bayer com Floresta de Bolso no centro e sobre o rio Pinheiros | Foto: Freepik

A cidade do século 21, na visão do botânico Ricardo Cardim, 39, é aquela onde homem, natureza e modernidade convivam em harmonia. “Sou contra o pensamento ambientalista de que a gente tem que viver na miséria, sem abundância e com dor. Precisamos continuar com todos os confortos que a humanidade conquistou, mas em harmonia com a natureza”, diz. E a missão da sua empresa, a Cardim Arquitetura Paisagística, é ajudar a construir essa cidade mais sustentável e moderna, onde homem e natureza convivam bem, sem disputar espaço.

Ricardo desenvolve projetos paisagísticos focados na sustentabilidade, com plantas nativas da região onde são implantados, em um esforço para reequilibrar o ambiente urbano. Em São Paulo, por exemplo, ele usa apenas espécies nativas da Mata Atlântica, como o Cambuci, o Araçá, o Ingá, a Embaúba e a Aroeira, que faziam parte da paisagem original da cidade.

NASCE A CARDIM ARQUITETURA PAISAGÍSTICA

Com a experiência anterior, Ricardo se viu pronto para abrir sua própria empresa, a Cardim Arquitetura Paisagística, que nasceu praticamente sem investimento inicial. O negócio da Cardim são projetos personalizados e, até por isso, os preços variam bastante. Em média, começam em 20 mil reais, mas há uma variação grande dependendo da complexidade, da área e até da distância. Ele explica que por usar plantas nativas, a implantação dos projetos é mais barata. Para se ter uma ideia, uma palmeira estrangeira custa 800 reais, enquanto uma palmeira nativa do mesmo porte custa 90 reais. Um dos principais ativos da empresa, aliás, é uma lista de 60 produtores de plantas nativas que Ricardo demorou anos para conquistar.

Ele não revela o faturamento da empresa, mas diz que teve crescimento de 100% no último ano e tem no portfólio 60 projetos (incluindo paisagismo, consultorias e florestas de bolso) feitos em parceria com grandes empresas como Rede Globo (Verdejando), Gamaro, LG etc.

O principal diferencial da empresa — o paisagismo sustentável com plantas nativas — é, também, um dos grandes desafios. Afinal, é preciso vender um conceito relativamente novo para esse mercado. Embora o Brasil seja um dos países mais ricos em natureza no mundo, 90% da vegetação usada nos projetos de paisagismo por aqui é estrangeira. Por estarem acostumadas a esse tipo de vegetação, as pessoas ainda desconhecem o potencial das plantas nativas e isso faz com que reuniões de projetos se transformem em aulas sobre plantas nativas. “Gastamos bastante energia nisso, dá trabalho, mas vale a pena”, conta.

Em 2013, Ricardo entrou no mercado de varejo e abriu uma loja de plantas nativas. Investiu 100 mil reais em um negócio que não deu certo (a loja fechou em 2015). “Em um país que tem 50 mil espécies de plantas, a gente usa as mesmas 20. A loja só vendia alguma coisa quando eu ia para o balcão. Foi aí que eu aprendi que planta nativa depende de história para vender.”

FLORESTAS DE BOLSO: UMA NOVA TÉCNICA

A menina dos olhos de Ricardo, que tem até marca registrada, são as Florestas de Bolso. É uma técnica que ele desenvolveu para restaurar a Mata Atlântica na cidade, usando uma composição e espaçamento entre as plantas que proporciona um crescimento mais rápido, menor índice de perdas, baixo consumo de água e menos manutenção. Pode ser implantada em espaços a partir de 15 m² e custa a partir de 20 mil reais. Até agora, já foram feitas 21 florestas, a maior parte delas em áreas públicas, como praças, parques e canteiros centrais. Algumas tiveram empresas patrocinadoras, como a multinacional TATA, outras foram feitas usando recursos próprios e de parceiros, como a do Largo da Batata, em São Paulo, onde foram plantadas 400 mudas de 90 espécies.

O papel da floresta de bolso é restaurar a biodiversidade dentro da escala urbana e fazer com que haja uma harmonia entre a paisagem ancestral e a cidade moderna. E o resultado pode ser visto muito rapidamente: em três anos ela vai de um metro para 8 metros. A maior parte dos plantios é feito com voluntários, que têm a oportunidade de aprender mais sobre a Mata Atlântica. E isso, ele acredita, é parte fundamental do seu trabalho. “Quando penso no futuro da empresa, vejo que o que quero é ajudar a mudar esse estado de coisas na relação entre homem e natureza nas cidades”, diz, e prossegue: “Minha luta, minha missão de vida é fazer as pessoas entenderem que a gente está no lugar de maior patrimônio natural do mundo e que isso pode conviver com a nossa vida cotidiana.”


Fonte: http://www.cardimpaisagismo.com.br/
Divulgado Instituto Ecoinovação – por Marlene Greem


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